O Caracol | Outono 2024
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O Caracol | Outono 2024

O Caracol | Outono 2024

Poema para este Outono

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade

Do seu livro de poemas Sentimento do mundo

Eventos da Rede ou com participação dos seus membros

Celebração do Dia Global do Decrescimento

O Núcleo de Lisboa assinalou o Dia Global do Decrescimento, a 15 de Junho; tendo sido o seu 6º encontro presencial de 2024. Foi decidido adoptar um registo convivial com o intuito de celebrar a efeméride, a qual foi assinalada internacionalmente no dia 20 de Junho, de modo a coincidir com a realização da Conferência Internacional do Decrescimento em Pontevedra. Os organizadores e as organizadoras propuseram uma caminhada ao longo do “Corredor Verde” - um projecto idealizado pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles em 1976 mas só inaugurado em 2012 -, desde o topo do Parque Eduardo VII até ao Parque Florestal de Monsanto, a que se seguiu um piquenique.

Iniciámos o percurso junto à Ponte Monsanto, sobre a Rua Marquês da Fronteira, passámos ao lado da estátua da Justiça, numa zona de prados espontâneos pontuados com vários arbustos e árvores de espécies mediterrâneas, avançámos para o Jardim José Medeiros Ferreira, subimos a uma elevação onde está um pórtico “abandonado”, constituído por portas metálicas transparentes e rendilhadas, nas quais existe um pequeno letreiro com o seguinte dizer, ”Ao Jardineiro de Deus, Prof. Gonçalo Ribeiro Telles”. Foi Eduardo Lourenço que assim baptizou Ribeiro Telles, inspirado na história do “Le Nôotre, Le Jardinier du Roi”, por ocasião de uma homenagem pública. Não pudemos deixar de reparar num outro corredor aéreo que cruza este percurso, marcado pela passagem incessante e ruidosa dos aviões que se fazem à pista do aeroporto Humberto Delgado.

Resolvemos fazer um desvio do Corredor Verde para espreitar uma parte do novo Parque Urbano da Praça de Espanha, cujo desenho foi inspirado nos ensinamentos de Ribeiro Telles, tendo a Câmara Municipal de Lisboa (CML) decidido homenageá-lo, dando o seu nome a este parque. Prosseguimos pelo tardoz dos edifícios Banco Santander e Anacom, atravessámos a Av. José Malhoa, chegámos ao Teatro da Comuna onde nos deparámos com os espaços verdes recentemente remodelados e que incluem um pequeno charco e prados rodeados pelos prédios das artérias circundantes. Constatámos a inexistência de uma ligação orgânica entre os dois espaços verdes.

Retomámos o Corredor Verde pelo Jardim da Amnistia Internacional, com as suas hortas urbanas ovóides, passámos ao lado do Parque Infantil da Quinta José Pinto e do estaleiro de uma das principais componentes do chamado Plano Geral de Drenagem de Lisboa. Junto a um grande placard da CML com a frase pomposa “Estamos a preparar a cidade de Lisboa para o futuro” reflectimos sobre a atitude de contenção de danos por parte da edilidade por não ter sido capaz de impedir a impermeabilização dos solos e por não adoptar de forma mais pró-activa a abordagem das “cidades-esponja” seguida noutras paragens, limitando-se a projectos pontuais de ‘esverdeamento’ que obrigam assim a onerosas intervenções para impedir inundações nas partes baixas de Lisboa. Finalmente, chegámos ao acesso Este do Parque de Monsanto, um dos maiores parques urbanos da Europa, depois de atravessar viadutos, linhas de comboio, desnivelados, um esparguete de comunicações – ostensivas descontinuidades num corredor que se pretendia verde.

As desconexões, as desconjunções, as decomposições, a falta de uma visão que enriqueça a topografia, a paisagem, apesar dos sonhos e desenhos do Arquitecto, são a infeliz matéria que compõe a manta de retalhos do tecido urbano. No entanto, os espaços verdes no coração das cidades, para além de desempenharem um papel multifacetado, contribuem para a redução dos impactos das alterações climáticas, através da diminuição da temperatura e do aumento da humidade e promovem também a saúde física e mental das comunidades. Adicionam beleza ao ambiente urbano, preservam a biodiversidade, garantem maior equilíbrio dos ecossistemas e permitem a infiltração das águas pluviais.

No final, fizemos um piquenique no Parque do Calhau, onde havia mesas disponíveis. Foi ocasião para partilhar petiscos, conversar de forma solta e trocar opiniões.

Encontro na Rizoma

A cooperativa Rizoma foi o local escolhido para a realização do 7º Encontro presencial de 2024 do Núcleo de Lisboa, realizado em Julho, tendo tido um carácter de convívio e foi suscitado por uma proposta de Victor Lamberto (cooperante da Rizoma e membro da Rede) no sentido de proporcionar um jantar no espírito do Slow Food, movimento do qual faz parte.

Antes do jantar, aproveitámos para tratar de assuntos pendentes. Para além das actividades do Núcleo e de outros eventos recentes, reflectimos sobre o repto lançado na Reunião Periódica de Coordenação da Rede de Junho, que nos desafiou a organizar o Encontro Nacional de 2024 (EN’2024). Após conversa sobre uma proposta inicial, Paulo Mendonça ofereceu-se para avançar, com a colaboração de Pascale Millecamps e de Carlos Soares, constituindo o Círculo EN’2024. As restantes pessoas presentes foram convidadas a juntar-se. As datas avançadas foram 19/20 ou 26/27 Outubro. Seguiu-se a degustação do saboroso jantar elaborado com produtos da cooperativa, regado com vinho ou cerveja e com animadas conversas.

Decrescimento e feminismos: que relação?

Feminismos e Decrescimento foi o mote para a oficina que a Rede para o Decrescimento com o apoio da Casa da Esquina realizou em Coimbra, no dia 21 de Setembro.

As boas-vindas e o quebra-gelo inicial foram feitos por Filipa Alves da Casa da Esquina, por Susana Ribeira e Vanessa Marcos, ambas do Círculo Ecofeminista da Rede para o Decrescimento. A introdução ao tema do decrescimento e a apresentação da Rede foram feitas por Hans Eickhoff.

Ainda durante a manhã, tivémos uma belíssima conversa moderada por Graça Rojão, da Rede para o Decrescimento, que contou com intervenções de Djamila Andrade, ecofeminista e investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Joacine Katar Moreira, feminista interseccional e ex-deputada. A conversa passou por uma reflexão sobre o espectro dos feminismos actuais, o potencial transformador dos movimentos feministas numa sociedade capitalista e patriarcal, as convergências entre o movimento decrescentista e as  propostas feministas e também sobre as dificuldades de articulação e de criação de convergências entre os diferentes movimentos sociais.

A tarde foi marcada por uma oficina sobre as potencialidades e limites da integração de perspectivas feministas e decrescentistas nas iniciativas de base local e nos movimentos sociais. Vanessa Marcos fez a síntese desta jornada e destacou a necessidade de colaboração entre os movimentos sociais e a importância da criação de “comunidade”.

No final do dia tivemos ainda a oportunidade de conhecer a feira de troca de roupa que a Casa da Esquina estava a realizar no seu jardim.

Encontro Nacional 2024, 19 e 20 de Outubro

Pelo quinto ano consecutivo, a Rede organizou o seu Encontro Nacional, tendo sido escolhido o Centro Comunitário de Linda a Velha (CCLAV), uma associação parceira de longa data, que proporcionou o espaço e os meios para os momentos de partilha, convívio e enriquecimento cultural.

O primeiro dia iniciou-se com uma dinâmica de acolhimento, seguida da detalhada e rica apresentação do nosso convidado professor e investigador Carlos Antunes, com o título “(De)Crescimento da Economia: Consequências, Desafios, Soluções”. Apoiado em dados matemáticos e modelos de previsão, abordou a crise climática, as suas causas, cuja origem se situa no actual modelo económico capitalista, e os seus impactos socio-económicos e ambientais, bem como possíveis cenários alternativos no sentido de diminuir a pressão sobre os ecossistemas. Esta intervenção originou um animado debate.

Após um almoço partilhado, as pessoas presentes dividiram-se em grupos para as três rodas de conversas participativas, com momentos de alternância entre elas. Os temas debatidos foram: 1) Como integrar o espírito da Orgânica Interna na prática da Rede? Como seria uma ética da participação?; 2.) Como envolver mais massa crítica na Rede? A reflexão e acção na Rede; e 3.) Que linhas mestras aprofundar e desenvolver? Que temas se interligam com o decrescimento?

No encontro realizou-se ainda a habitual Reunião Geral, com a presença de 11 membros, em registo presencial e on-line, onde se destaca o breve balanço da dinâmica da Rede em 2024, nomeadamente no que diz respeito ao trabalho dos seus Círculos e Núcleos.

O dia foi encerrado com um delicioso jantar e um animado momento musical com danças orientais  proporcionadas por membros do CCLAV.

O segundo dia do encontro foi reservado à análise, reflexão e à elaboração das conclusões dos trabalhos do dia anterior, nomeadamente das rodas de conversas e da Reunião Geral. Após uma pausa junto à Mata do Jamor e antes do almoço de encerramento, o grupo voltou a reunir e muitas foram as ideias sugeridas para o futuro da Rede, concluindo-se assim de forma optimista mais um Encontro.

Exibição do documentário “Outgrow the System”

No dia 21 de Outubro, no Auditório 2 do ISEG da Universidade de LIsboa, teve lugar a exibição deste documentário, seguido de um debate com a produtora e realizadora Cecilia Paulsson, a professora Patrícia Melo, o médico investigador e activista Hans Eickhoff e a investigadora e co-fundadora da Oficina Global Ana Luísa Silva.

Sessão de acolhimento de dia 30 de Outubro

Pela terceira vez este ano decorreu uma Sessão de Acolhimento de novos membros. Podemos dizer que a dinâmica de bem-acolher faz já parte do nosso ADN. Estas sessões são momentos onde nos abrimos a conhecer quem se aproxima da Rede para o Decrescimento, ao mesmo tempo em que partilhamos o nosso modo de ser coletivo, muito com base na nossa Orgânica Interna.

Desta feita foram quatro as participantes, três da área da grande Lisboa e uma residente em Sines. Acresce que três quartos das participantes desejam mesmo aprofundar a sua relação com a Rede e já solicitaram a adesão à nossa plataforma de trabalho online. Sejam bem-vindas!

8º Encontro do Núcleo de Lisboa da Rede

Teve lugar na Casa da Baía, sita na Av. Luísa Todi nº 468, a 16 de Novembro, tendo estado presentes cerca de 23 participantes, entre membros, simpatizantes da Rede e outras pessoas interessadas.

Em termos de organização do evento, foi estabelecido um programa para todo o dia, começando pela sugestão de utilizar o Fertagus a partir de Lisboa, pela marcação de Ponto de Encontro na estação de comboio de Setúbal, caminhada pelo centro histórico com paragens em pontos mais notáveis, terminando na Casa da Baía, onde teve lugar uma conversa com Viriato Soromenho Marques intitualda "Transição energética - Separar a realidade da ilusão”, seguida de almoço. Na parte da tarde continuou a conversa, abordando-se e falando-se sobre decrescimento. Em seguida, teve lugar a reunião aberta do Núcleo de Lisboa. Durante as semanas anteriores fizeram-se divulgações, internas na RD e externas a hipotéticos simpatizantes, junto de jornais locais, promoveram-se as inscrições, estabeleceram-se contactos com a Camara Municipal de Setúbal, que nos acolheu e aderiu ao evento, desencadeou-se uma consulta para o catering do almoço. Elaboraram-se versões do banner/flyer/fotografia para whatsapp para proporcionar uma divulgação e para convidar interessados nestas matérias.

Quanto à temática, foi abordado o tema da "Transição Energética" numa perspectiva decrescentista, o que implica uma panóplia de considerações que se estendem desde as realidades das fontes e gastos, dos transportes, do que são as energias renováveis, das transições e descontinuidades, até aos valores humanos e estilos de vida pessoal e colectiva. Para "Separar a realidade da ilusão", convidámos Viriato Soromenho-Marques que nos ajudou a discorrer sobre estas matérias, bem como a Sra. Vice-Presidente da Câmara Municipal, Dra. Carla Guerreiro, que contribuiu com esclarecimentos sobre as realidades setubalenses e suas implicações na vida urbana da cidade.

Em jeito de súmula, registam-se de forma aleatória os contributos e questões colocadas:

Transição energética - As disfunções e as aberrações das hipóteses lançadas por quem? Com que objetivos? Defendendo que interesses? As novas fontes de energia ao longo dos tempos foram-se acumulando, nunca se substituíram.

As realidades e as ilusões - A complexidade e diversidade nos múltiplos domínios.

Participação cidadã - Como elucidar, incluir, esclarecer os cidadãos quando votam ou intervém nas questões não só de interesse público, como nas opções políticas.

Biodiversidade e desrespeito pela natureza - Os mares, as pescas de arrasto, as atrocidades cometidas, a agricultura industrial está a acabar com os ecossistemas, a provocar a extinção de inúmeras espécies.

Cultura - possuímos políticas “paleolíticas”, agimos segundo práticas “medievais”, acreditamos na origem divina das poderosas tecnologias, apesar dos negativos e dos inúmeros impactos destrutivos.

Sociedade - As fórmulas são repetidas até à exaustão, tornam-se verdades, é o império das falácias. O conto de fadas do crescimento verde. Estamos a confundir causas com sintomas.

Economias - A aberração das políticas assentes na afirmação de que as economias são obrigadas a crescer em nome do contínuo desenvolvimento, arrastando e arrasando com elas o resto das estruturas sociais.

A casa comum da humanidade - Poucos humanos estão sintonizados em assumir esta questão fundamental para que se possa sobreviver neste planeta terra. Carência de sensibilidades que respeitem os princípios do continuar a existir, e falta de partilha de ações que resistam aos embates provocados pela sofreguidão e pelos vícios da intemperança.

A electricidade para conquistar o Planeta -  A tecnologia da ultra alta tensão desenvolvida pela China permite encaminhar a um custo mais baixo e com perdas reduzidas as enormes quantidades de electricidade a longas distâncias. Traduz-se na criação  de redes elétricas mundiais, inseridas numa estratégia geopolítica, uma “Nova Rota da Seda”. As consequências são múltiplas, quer ao nível de quem controla os mercados, quer porque impede soluções sóbrias relacionadas com outros estilos de vida.

Gestão do território - Os desatinos da aplicação da legislação e dos instrumentos de planeamento, apesar de existirem leis de base portuguesas aprovadas por grande maioria, fomentam o labirinto criado pelas especulações e pelos ganhos improdutivos da financeirização. A faculdade de receber informações sobre as mudanças no meio (externo ou interno) deveria permitir reações fundamentadas e suportadas na obrigatória articulação  entre os instrumentos disponíveis.

Solo urbano - A falsa afirmação que não há capacidade edificatória para construir habitações por falta de solo, suporta a proposta do Governo do PSD/CDS com vista à flexibilização da lei de solos. Pretende-se proceder ao alargamento dos perímetros urbanos ao sabor de interesses imobiliários, o que entra em violenta rota de colisão com as políticas de solos, de urbanismo e de ordenamento do território.

Aproveitamento racional e eficiente do solo - Sendo um recurso natural escasso, constata-se a brutal ineficiência funcional dos territórios edificados na faixa litoral e nas áreas metropolitanas como resultado de atropelamentos ao quadro das finalidades das políticas públicas. Verifica-se a ausência de objetivos estratégicos, tais como, a contenção das áreas urbanas, a reabilitação e regeneração das urbes, a não valorização das aptidões naturais, o combate ao seu desperdício.

Ambientes - Consciência de tudo aquilo que nos rodeia, sentir a geografia física e humana, os modos de apropriação do território, as linhas de água, para onde corre e se espraia, os pântanos, as várzeas sem árvores mas que podem ser cultivadas, o relevo, os altos e os baixos, os ventos, os cheiros, as sombras que giram.

O Conselho de Setúbal - O PDM recentemente ratificado criou áreas protegidas, e irá possibilitar decisões que invertam os desatinos das apropriações indébitas, de apoderamento de coisa pública. As zonas ocupadas por habitações sem qualquer tipo de equipamentos e sem infra-estruturas, se se quiser proporcionar outra qualidade na vida humana, obrigará a investimentos públicos significativos. Há que intervir no sentido de obstar às previsíveis cheias, de proporcionar bons transportes e circulações, de trechos de cidade esponja, de distâncias apropriadas entre os diversos locais onde se vive.

RPC / Reunião Periódica de Coordenação

A 21 de Novembro, online, teve lugar mais uma reunião onde os membros representantes de vários Círculos e Núcleos deram a conhecer os seus trabalhos, necessidades e sucessos. Por outro lado, foi feita uma breve análise do Encontro Nacional deste ano, e finalmente, foi eleita uma equipa auto-proposta para integrar o próximo Círculo de Gestão. Assim, teremos Ana Luísa Silva, Ana Sardoeira e João Wemans na condução dos trabalhos do CGes.


Eventos de outras organizações/coletivos, com participação de membros da Rede

Apresentação do livro “A morte da Natureza”, de Carolyn Merchant No Porto, dia 19 de Setembro e em Lisboa, dia 2 de Setembro

O Círculo Ecofeminismo e Decrescimento foi convidado por José Carlos Marques, das Edições Sempre-em-Pé, para co-apresentar, em Lisboa e no Porto, o livro “A Morte da Natureza: as mulheres, a ecologia e a revolução científica”, enfatizando a sua faceta feminista. Sara Moreira (autora da tese de doutoramento sobre «ecologias comunicativas das outras economias», sobre redes de economia solidária e sistemas alimentares solidários e respetivos processos de «comunalização») e Vanessa Marcos (membro do círculo e Docente nas Pós-Graduações em Cooperação para o Desenvolvimento promovidas pela Universidade Católica Portuguesa do Porto e de  Lisboa, e docente na Pós-Graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos na UCP Porto) aceitaram falar sobre a obra na sede da associação Campo Aberto no Porto.

Em Lisboa, no Fórum Grandela, a apresentação foi feita por Susana Ribeira (membro do círculo, licenciada em Relações Internacionais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa; dedica-se ao ativismo e à política ativa, tendo sido candidata em eleições autárquicas e legislativas), Ana Luísa Janeira (professora aposentada de história e filosofia a ciência) abordando a revolução científica, e de Maria José Varandas (professora e uma das fundadoras da Sociedade de Ética Ambiental) explanando o ângulo da ecologia.

Houve um debate vivo, participado e contraditório sobre estas matérias no final das apresentações.


O Decrescimento e a Agenda Ecossocialista

Organizado pela Toupeira Vermelha, coletivo pertencente à secção portuguesa da Quarta Internacional e a propósito do congresso mundial sobre ecossocialismo e decrescimento que terá lugar em Fevereiro de 2025, realizou-se no dia 28 de Setembro o debate Decrescimento e a Agenda Ecossocialista: os desafios do decrescimento num mundo desigual.

As intervenções foram feitas por Graça Rojão, membro da cooperativa CooLabora e da Rede para o Decrescimento e Gustavo García-Lopez do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. A moderação esteve a cargo de Carlos Carujo. O debate decorreu online e explorou as relações entre as propostas do decrescimento económico e a agenda ecossocialista. Gustavo Garcia-Lopez abordou especialmente os desafios das estratégias internacionais de solidariedade, focando-se nas relações entre o Norte e o Sul global. Graça Rojão centrou-se nas iniciativas e movimentos sociais em contexto nacional que experimentam alternativas face à lógica capitalista e apresentou também a CooLabora e a Rede para o Decrescimento. No final da sessão Carlos Carujo destacou a necessidade de construirmos imaginários mobilizadores que se afirmem face à lógica do crescimento económico.

Este debate foi organizado no âmbito da discussão do Manifesto "Romper com o crescimento capitalista, por uma alternativa ecossocialista" que está disponível aqui.


Seminário "Crise Climática e Desigualdades Globais: Educar para um Modo de Vida Solidário"

No passado dia 8 de outubro, no Centro de Juventude de Lisboa, IPDJ, a AIDGLOBAL organizou o seminário "Crise Climática e Desigualdades Globais: Educar para um Modo de Vida Solidário", enquadrado no projeto europeu "Re:Thinking Global!", financiado pelo programa Erasmus+ da União Europeia. A Rede esteve representada na mesa-redonda "Estilos de Vida e de Consumo", que contou com a participação do ativista Hans Eickhoff, da jurista e ativista climática Mariana Gomes e da educadora Joana Simões Piedade, foi um dos momentos mais intensos do evento. Eickhoff fez uma análise crítica ao sistema económico de crescimento infinito, enquanto Mariana Gomes abordou a responsabilidade dos governos no cumprimento das leis climáticas, destacando a recente ação judicial da sua Organização contra o Estado português, por incumprimento da Lei de Bases do Clima.  De seguida, Joana Simões Piedade deu uma perspetiva focada nos direitos humanos e justiça social, relacionando o aumento das emigrações com as alterações climáticas, mais sentidas nos países do sul global.

Clube do Livro Vozes 2024/2025: Vozes para adiar o fim do mundo - 1º encontro

O Clube do Livro Vozes, 'clube de leitura' lançado e coordenado por Ana Luísa Silva (actualmente, membro da Rede) e Ana Sofia Souto desde 2021, dirigiu um convite à Rede para participar na temporada 2024-2025. Através do debate em torno de uma série de livros pré-seleccionados, as suas promotoras procuram abordar temas da atualidade social, económica e política, de forma a estimular a participação cívica e democrática. Esta temporada - intitulada "Vozes para Adiar o Fim do Mundo" - tem agendadas 9 sessões dedicadas a 9 livros e distingue-se das anteriores por resultar de uma colaboração com a Rede, tendo a participação de Álvaro Fonseca.

A 1ª sessão teve lugar no dia 12 de Outubro num dos espaços da Dona Ajuda, loja social perto do Rato. O livro para a 1ª sessão foi o "Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno" (2007; edição PT de 2011), de Serge Latouche. A sessão contou com a presença de 12 pessoas com percursos de vida e profissionais diversos, metade das quais já tinha algum conhecimento sobre o decrescimento. A conversa, lançada a partir de questões formuladas no livro, foi muito participada e, independentemente de conhecerem ou não o decrescimento, foi notório o grau de consciência sobre as dimensões da crise sistémica que estamos a viver e os desafios para encontrar caminhos para a sua mitigação.


Lançamento do nº 44 da Revista Gerador

O lançamento do número 44 da Revista Gerador decorreu ao fim da tarde do dia 26 de Outubro, na Biblioteca do Goethe-Institut, em Lisboa. Esta edição questiona o atual paradigma do crescimento económico e mergulha a fundo no tema do decrescimento, com uma grande reportagem da jornalista Cátia Vilaça sobre práticas decrescentistas em Portugal. A sessão teve uma introdução do fundador e director editorial do Gerador, Tiago Sigorelho, que contou como o decrescimento foi incorporado no trabalho da equipa que preparou este número, nomeadamente procurando uma abordagem editorial alinhada com os princípios decrescentistas de fazer diferente (não fazer da forma esperada/convencional), privilegiando o bem-estar e uma reapropriação do tempo pela equipa. Essa abordagem foi explicitada por três das colaboradoras neste número: Pri Ballarin, designer e autora da linguagem visual da revista, a criadora Isabel Costa e a artista visual Jaqueline Arashida, que falaram sobre o olhar artístico que trouxeram para a publicação e como este bebeu nas noções de contextualização, manualidade e desaceleração.

A sessão concluiu com uma conversa mediada por Cátia Vilaça que convidou Sara Moreira (AMAP-Porto), Gil Pereira (Famalicão em Transição) e Álvaro Fonseca (Rede), para falar sobre como se poderia implementar uma economia realmente sustentável e justa, evitando o colapso ambiental e social, e de que modo o decrescimento pode responder a esse desafio. Entre os temas e propostas abordados contaram-se a relocalização das actividades económicas como a produção alimentar, a participação activa das pessoas na (auto)gestão dos seus territórios, a criação de resiliência local como resposta à desterritorialização promovida pela globalização, a importância de trazer abordagens sistémicas para repensar os territórios como bio-regiões, a necessidade de descolonizar imaginários e narrativas para aumentar o grau de consciência e estimular o envolvimento das pessoas criando, colectivamente, autonomia e empoderamento. Link para a revista.


Publicações recentes no site da Rede ou noutros media

X Congresso Internacional

Foi publicado no site um artigo sobre o X Congresso Internacional sobre Decrescimento que em Junho reuniu em Pontevedra mais de 1100 pessoas, de 48 países. A reflexão é de Ana Casquete Diéz e a tradução de Jorge Farelo. https://www.decrescimento.pt/posts/paralisia-por-analise-algumas-reflexoes-sobre-o-x-congresso-internacional-sobre-decrescimento/

A morte da Natureza”, de Carolyn Merchant

A partir da apresentação do livro “A morte da Natureza”, de Carolyn Merchant, em Lisboa, no passado mês de Setembro, Susana Ribeira assina este artigo no site. https://www.decrescimento.pt/posts/apresentacao-do-livro-a-morte-da-natureza-de-carolyn-merchant/

IDN - European Newsletter

Neste número da ‘newsletter’ mensal do International Degrowth Network, a Rede é o colectivo em destaque. https://degrowth.net/news/2024-08-01-european-newsletter-aug24/

Revista Gerador: Decrescer para evitar o colapso

O número nº 44 da Revista Gerador questiona o atual paradigma do crescimento económico a partir da pergunta “É possível desenvolver sem crescer?” e mergulha a fundo no tema do Decrescimento (ver notícia sobre o lançamento acima).

A revista inclui uma grande reportagem da jornalista Cátia Vilaça (Decrescer para evitar o colapso) que destaca algumas práticas decrescentistas em Portugal (Coopérnico, Colmeia 62, AMAP-Porto, Cooperativa Integral Minga, Cooperativa Rizoma) e para a qual foram entrevistados alguns membros da Rede: Filipe Medeiros, Guilherme Serôdio e Hans Eickhoff (como cooperante da Rizoma). Inclui ainda um curto artigo de Álvaro Fonseca (A urgência em decrescer). https://gerador.eu/revista/


Eventos futuros, internos ou exteriores à Rede

- 9º Encontro do Núcleo de Lisboa da Rede, a 15 de Dezembro 2024, na Padaria do Povo, com a presença de Morena Hanbury Lemos para a conversa da tarde, a qual antecede a reunião interna.

- Evento Beyond Growth na Assembleia da República, a 16 de Dezembro de 2024, local por confirmar.

- 10º Encontro Nacional pela Justiça Climática, Lisboa, em Março de 2025


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