O Caracol | Dezembro 2022
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O Caracol | Dezembro 2022

O Caracol | Dezembro 2022

Olá!

Este foi um ano incrível para a Rede para o Decrescimento em Portugal e temos muito para celebrar. Foi o verdadeiro ano de pilotagem da nossa nova OI, recebemos novos membros, organizámos várias conferências, participámos no Festival Umundu-Lx, no Encontro Nacional da Justiça Climática, no Ecorâmicas, na ManiFesta, no Acampamento anti-minas, intervimos em escolas e universidades, escrevemos para e aparecemos em jornais de grande circulação, produzimos conteúdos de vídeo, melhorámos o site, aproximámo-nos, encontrámo-nos em Vila Velha de Rodão, e lançámos novas reflexões e desafios. E ainda temos um novo Núcleo Local em Mértola!

Por tudo isto, pela coragem de pensar diferente e difícil, pelo envolvimento e entusiasmo, pela boa energia, pelas ideias, pela entrega, pelo tempo investido, pela luta: Obrigado! Nos tempos que correm é mesmo bonito poder fazer parte de um grupo crítico e ativo como este.

Nesta última edição do Caracol em 2022 destacamos os últimos acontecimentos: a conclusão do ciclo “Crescer até Rebentar?”, que teve as suas três últimas sessões nos primeiros sábados dos meses de Outubro, Novembro e Dezembro na Biblioteca de Alcântara; o Encontro Nacional da Rede, que decorreu entre 7 e 9 Outubro na Tapada da Tojeira; e ainda o sorteio da nova equipa do Círculo de Gestão que entrará em funções no início de 2023. Tudo nesta edição do Caracol.

Actividades da Rede ou com a participação dos seus membros (Out-Dez 2022)

- Ciclo “Crescer até Rebentar?” (1 Out, 5 Nov, 3 Dez):

Em parceria com a Biblioteca de Alcântara e a Rede de Bibliotecas de Lisboa, a Rede para o Decrescimento decidiu organizar um ciclo de eventos durante o ano de 2022 para assinalar os 50 anos do relatório aos Clube de Roma “Os Limites ao Crescimento”, publicado originalmente em 1972. Um balanço das primeiras 6 sessões que visaram os temas Crescimento sem Limites, Sistema Alimentar, Crise Ecológica, Economia, Territórios, e Desperdício-Suficiência-Justiça foi publicado no número 35 do Jornal MAPA (links para os vídeos das sessões neste post). Depois do Verão, retomaram-se as atividades com uma sessão dedicada à Democracia (a 1 de Outubro, vídeo de sessão: aqui) e uma oficina participativa sobre Saúde e Cuidados (a 5 de Novembro, vídeo da sessão: aqui).

Finalmente, no dia 3 de Dezembro, organizou-se uma sessão dupla sob o mote “Caminhar para um Futuro Decrescentista”. De manhã, Inês Barahona da Formiga Atómica dinamizou uma oficina para crianças com o desafio de fazerem uma viagem à volta do Mundo enquanto observadores de outras realidades.

À tarde, sob moderação do filósofo e decrescentista André Barata, revisitaram-se os temas das 8 sessões, cruzando os intervenientes anteriores em 4 conversas complementares, para trocar ideias e propostas que possam ajudar a imaginar e co-criar tanto o presente como um futuro próspero e justo para todos os seres, humanos e não humanos, a pensar nos valores da autonomia, da suficiência e do cuidado, e inspirando-se em propostas e projetos já existentes, na caminhada para um futuro decrescentista. Os videos desta sessão serão disponibilizados em breve.

Em paralelo, decorreu a exposição “Chronos Cube” do ativista Henrique Frazão e a projeção de uma compilação de vídeo-depoimentos de vários intervenientes do ciclo sobre a questão dos limites e as possibilidades de um futuro que garanta uma vida boa para todos.  O evento terminou com uma curta atividade sobre “Cooperar em vez de competir”, dinamizada pela Horta do Mundo, seguida de um convívio e lanche partilhado entre todas as pessoas participantes. Foram também partilhados alguns poemas, como o Poema “Problema” (de Cheila C. Rodrigues).

- Encontro Nacional (7 a 9 Out): O Encontro anual da Rede decorreu na Tapada da Tojeira (Vila Velha de Rodão) e foi organizado pelo Círculo EN2022 (Alcides Barbosa e Graça Passos, anfitriã). Estiveram presentes cerca de 20 pessoas, num evento que se quis focar no encontro, nos laços, nas discussões aprofundadas de conceitos e estratégias, no delineamento de prioridades e de próximos passos. O Encontro incluiu também uma Reunião Geral da Rede no dia 8 Out.

- Deu-se também a 5ª sessão organizada pelo Círculo de Acolhimento, atestando ao crescente interesse pela Rede e pela continuação da nossa postura de braços abertos (e acolhedores).

- Reunião Periódica de Coordenação (11 Dez): Nesta RPC foi eleita a nova equipa do CGes (Carlos Soares, Graça Rojão e Guilherme Serôdio; Hans Eickhoff como suplente), discutida a possibilidade de rever a OI, discutidos os métodos para criar e acolher novos Núcleos, e apresentadas as propostas de atividades dos diferentes núcleos e círculos da Rede. A ata da reunião será disponibilizada em breve.

- Participação no evento ‘Limites do ambientalismo (26 Out): Álvaro Fonseca e Hans Eickhoff representaram a Rede neste evento, promovido pela Associação de Estudantes da NOVA-Medical School, em que se pretendia explorar temas e abordagens mais "esquecidas" e inovadoras dentro do discurso dito ambientalista e onde estariam presentes membros dos coletivos SOS-Racismo e Terra Batida (que acabaram por não conseguir participar). Após uma apresentação inicial sobre o decrescimento e as suas perspectivas em relação à crise ambiental, a conversa foi aberta às cerca de 12 estudantes presentes, tendo sido abordadas questões relacionadas com os impactos ambientais na prática médica.


- Participação no evento ECORÂMICAS 2022 – Decrescimento: Humanizar a economia, Guimarães (29-30 Outubro): A AVE- Associação Vimaranense para a Ecologia organizou as Ecorâmicas, um evento memorável que decorreu no final de Outubro e que nesta edição adotou como tema central o decrescimento e a necessidade de humanizar a economia. Partindo de uma cuidadosa seleção de curtas e longas metragens, todas legendadas em Português pela organização, juntaram visões académicas, ativistas e cidadãs e aliaram-se aos debates que decorreram ao longo de vários dias.

No primeiro dia de debate, Ana Poças, Graça Rojão e Alcides Barbosa, três membros e ativistas da Rede para o Decrescimento, responderam a questões do jornalista Tiago Mendes Dias e do público.

Os filmes seleccionados pela organização e que serviram de mote para esse debate foram: Lowsurmerism – O Consumismo Consciente, de André Alves, Lena Maciel, Rony Rodrigues e Sophie Secaf; A Economia Convencional É Uma Forma de Dano Cerebral de Chris & Dawn Agnos; e por fim, Os Mitos do Crescimento, de Pierre Smith Khanna.

Ana Poças falou sobre os sistemas de produção e consumo alternativos e sobre o respetivo impacto no ambiente; Graça Rojão centrou-se na incompatibilidade entre o capitalismo e o decrescimento, recusando a possibilidade de um crescimento verde; e Alcides Barbosa sublinhou especialmente as questões ligadas à democracia e à participação cívica, destacando a importância das assembleias de cidadãos.

No final de dois dias de debates muito participados, a organização decidiu lançar junto das escolas um concurso de curtas de 2 minutos sobre o tema do Decrescimento.

- Participação em sessão sobre mineração e decrescimento promovida pelas Ocupa-FCUL/FLUL (11 Nov):

- De repente, em Novembro, algo de inédito nos últimos anos em Portugal aconteceu: alunos de diferentes idades, escolas e faculdades organizaram-se para as ocupar, exigindo o "Fim ao Fóssil", e a demissão do Ministro da Economia. Houve também um convite feito a alguns membros da Rede para o Decrescimento para falarem sobre esse conceito e as implicações que traz para a reflexão sobre sustentabilidade, estratégia socio-económica, e perspectivas de futuro para Portugal e o Mundo. Foi nesse contexto que foi pilotado pelo Guilherme Serodio e o Miguel Magalhães um workshop que procura explorar, a partir do encontro de pessoas e suas memórias de relação com a Natureza, as implicações dos nossos modos de vida, da improbabilidade de estes se alterarem na magnitude necessária e em tempo útil, e do que isso significa para os anos vindouros. Apesar das Ocupas terem sido pouco participadas nas Faculdades de Letras e de Ciências da Universidade de Lisboa, tivemos cerca de 15 pessoas em cada uma das duas apresentações, tendo sido desenvolvidos contatos interessantes com os movimentos e investigador@s decrescentistas que se encontravam também presentes.

- Participação na Marcha “Unir contra o fracasso climático (12 Nov): Alguns membros da Rede (Álvaro Fonseca, Hans Eickhoff, Sofia Paredes, Guilherme Serôdio, Ângela Nobre, entre outr@s) participaram na concentração no Campo Pequeno e na marcha até ao Liceu Camões, tendo sido distribuídos 200 folhetos elaborados para a ocasião. Podem ler uma boa cobertura da marcha num artigo de Nicolau Ferreira no jornal Público que inclui excertos de depoimentos de Álvaro Fonseca.

- Participação no debate ‘Viver em Lisboa sem stress pode ser opção’ da iniciativa Artéria do jornal Público (30 Nov):

Foi com base nesta pergunta, que a «Artéria» promoveu um debate, moderado pelo diretor do Jornal Público Manuel Carvalho, para ouvir algumas perspectivas Decrescentistas: quais os critérios de intervenção na cidade que deveriam estar presentes? Quais os valores decrescentistas que devem estar presentes numa vida calma e simples? Para que seja possível viver numa lógica de vida calma, é obrigatório ter fácil acesso à habitação, ao emprego, ao comércio, à cultura, à saúde, diminuir o tempo que se perde nos transportes, recuperar o sentido de vizinhança e de entre-ajuda comunitária, utilizar os espaços colectivos, quintais, hortas, espaços verdes, e usufruir dos locais de encontro tais como praças, largos e parques. Para garantir uma qualidade de vida urbana, exigem-se condições para que se tenha tudo aquilo de que se necessita num percurso de 15 minutos a pé ou de bicicleta, a partir do sítio onde se habita.

Será um projecto para uma outra sociedade, assente na natureza, no conhecimento e culturas, numa ética e estética que contribuirão para sedimentar bons ambientes e agradáveis vivências nos diversos níveis e escalas do território, nas suas dimensões físicas e humanas, mudando os presentes paradigmas do consumismo, e definindo desígnios humanistas e novas visões do mundo.

Foi uma discussão agradável e rica, a repetir.

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Publicações recentes no site ou noutros media:

- Artigo sobre o ciclo “Crescer até Rebentar?” no Jornal Mapa nº 35 (Álvaro Fonseca, Carlos Soares, Hans Eickhoff, Sofia Paredes)

- Artigos sobre ‘Decrescimento e Democracia’ (Alcides Barbosa) e sobre ‘Decrescimento, saúde e cuidados’ (Graça Rojão e Hans Eickhoff)

- Tradução de artigo de Richard Heinberg, “Duplicação Final” (traduzido por Alcides Barbosa):

- Artigo no jornal Público (Guilherme Serôdio): Sobre o Progresso, a Liberdade e a Responsabilidade

Próximas actividades da Rede

- Encontro do Núcleo Local de Lisboa (21 Jan 2023): O NL-Lisboa retoma os seus encontros, que se deverão repetir mensalmente durante o ano de 2023. Este primeiro encontro terá lugar no CIDAC (Picoas), entre as 10 e as 12h, e destina-se a trocarmos ideias, juntarmos esforços e desenharmos um plano de actividades para o NL. A seguir, haverá almoço-convívio em local a acordar.


Publicações de interesse para a comunidade decrescentista

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