Carnaxide

Caminhada na Serra de Carnaxide

Caminhada na Serra de Carnaxide

Data: 6 Junho | 14:00-19:00h

A celebração do Dia Global do Decrescimento pelo núcleo de Lisboa da Rede para o Decrescimento (Rede DC) consistiu numa caminhada na Serra de Carnaxide (concelho de Oeiras, zona metropolitana de Lisboa), organizada em colaboração com o Movimento Preservar a Serra de Carnaxide (MPSC) e com o apoio do Centro Comunitário de Linda-a-Velha(CCLAV). A caminhada juntou cerca de 35 pessoas (dos 8 aos 80 anos), em dois grupos, que fizeram um percurso de duas horas pela encosta sul daquela Serra, do lado de Carnaxide, através do qual foi possível apreciar as diferentes qualidades daquele território: paisagística, natural (botânica) e patrimonial. Para um dos grupos, o percurso iniciou-se na zona urbana do núcleo antigo de Carnaxide, acompanhando o trajecto do ramal do aqueduto de Carnaxide (subterrâneo), visível apenas pelos respiradores/clarabóias em pedra que pontuam aquele trajecto. O percurso abandonou depois a zona urbana, subindo a encosta pela Rua da Mina Grande até perto da Mãe d’Água. A partir daí o trajecto coincidiu com o do segundo grupo, que iniciou a caminhada neste local. O percurso fez-se por uma zona florestada (bosque misto com pinheiros, freixos, lódãos, casuarinas, sobreiros, etc.), atravessando de seguida uma zona de eucaliptal e subindo depois a encosta através de uma zona extensa de mata mediterrânica (carrasco, sanguinho, zambujeiro, pereira-brava, madressilva, etc., além de várias herbáceas em flor, como o hipericão, o cardo-dourado e várias cistáceas, como a roselha e a estevinha). Neste troço foi possível admirar as vistas para sul: vale do Jamor, Linda-a-Velha, Carnaxide, Monsanto e margem sul, com a serra da Arrábida e o cabo Espichel no horizonte. Depois de atravessar uma zona de mato mais denso, chegámos ao topo da serra atravessando a linha de demarcação entre os concelhos de Oeiras e da Amadora, e entrando em pleno estaleiro do empreendimento imobiliário SkyCity. Por entre os blocos de apartamentos inacabados, os guindastes, as pilhas de materiais e escombros das obras, pudemos avistar a serra de Sintra a oeste e as colinas densamente urbanizadas do concelho da Amadora a Norte. Abandonámos aquele desastre urbanístico em curso (cujo lema se podia ler num cartaz afixado no local: “União perfeita para viver e investir”) para voltar à zona de mato mediterrânico que ainda resta, iniciando a descida da encosta de novo para sul em direcção aos respiradores do aqueduto que estão plena serra. Voltámos a entrar em zona florestada onde se encontram alguns belos exemplares de carvalho-cerquinho. Atravessámos no final um pequeno prado e descansámos à sombra de um pinhal manso jovem onde houve intervenções dos co-organizadores (Rede DC, MPSC) e partilhas dos caminhantes e representantes de outros colectivos (CCLAV e Fábrica das Alternativas), a que seguiu um piquenique com um número mais reduzido de participantes. A caminhada permitiu tomar conhecimento directo com as diferentes realidades de um território que inclui um vasto espaço público, parcialmente florestado e natural (vegetação espontânea), de interessantes qualidades botânicas e paisagísticas, mas que se encontra ameaçado por diversos projectos urbanísticos, projectados (concelho de Oeiras) ou já em curso (concelho da Amadora), o que se deve em parte ao facto da Serra de Carnaxide não beneficiar de estatuto de protecção. Por outro lado, aqueles projectos são oriundos de uma visão urbanística ligada a interesses económicos e imobiliários, que não têm conta a salvaguarda de um espaço de natureza de inegável qualidade e que merece ser conhecido, usufruído, valorizado e preservado pelos habitantes da área metropolitana de Lisboa. https://www.instagram.com/p/CBLj4FfHXkG/